Log-book é uma ferramenta interativa criada para professores e alunos particulares de inglês para registro de atividades e criação de portfólio.
Log-book é uma ferramenta criada para professores e a alunos particulares de inglês para registro de atividades e criação de portfólio.
Aulas de inglês podem ser frustrantes, em muitos casos pela falta da percepção do progresso individual. Alunos carecem de uma ferramenta digital que torne a produção em aula e a avaliação de suas habilidades mais acessíveis.
Alunos e professores irão usar o Log-book como uma ferramenta para registro das atividades dentro de sala de aula, desde sentenças produzidas pelos estudantes até a introdução de novos vocabulários. O professor pode ter a produção em aula como base para mensurar o progresso do aluno e assim entregar uma avaliação mais precisa ao fim de cada ciclo.
Esta ferramenta é destinada a alunos e professores particulares de inglês. Foi projetada para estudantes interessados em otimizarem seu aprendizado dentro de sala de aula e professores que procuram entregar avaliações mais tangíveis e acessíveis aos alunos.
Além de designer, sou professor de inglês, por isso estive envolvido em todo o processo, desde a pesquisa , entrevista com os usuários (alunos e professores), ideação, prototipação, design de interface e teste de usabilidade.
Todos os métodos e abordagens foram realizadas visando centralizar ao máximo os alunos e professores. Aulas presenciais e online foram os cenários deste projeto e suas dores e necessidades foram o ponto focal para a criação da melhor solução.
Apesar de ser a solução para o problema, o Log-book será mais um ponto de contato (touchpoint) durante a aula de inglês, que por sua vez é a verdadeira protagonista do projeto de experiência do usuário. O Mapa de Jornada e o Blueprint abaixo revelam como decorre uma aula de inglês sem o uso do Log-book.
Após uma extensa pesquisa por apps voltados à educação e produção escolar concluiu-se que a ferramenta que mais se aproxima da resolução do problema inicial seria o amplamente usado Class-Dojo. Trata-se de um app focado em gerenciar aulas para alunos dos anos iniciais. Simples, porém muito eficiente na criação de portfólios e avaliações individuais.
O princípio do Class-dojo é ” Trazer cada família para dentro de sala de aula” . O app permite o compartilhamento de atividades do portfólio dos alunos com os pais. Os estudantes podem armazenar e compartilhar seus trabalhos, receber feedback em tempo real e aprender por meio de sua própria produção em sala de aula.
O app possui excelente avaliação na Apple Store (1,475,967 reviews – 4.8 estrelas) e na Google Play (231,629 pessoas– 4.8 estrelas). Eles também possuem um canal no Youtube com pouco menos de 100.000 inscritos para guiar os usuários pelo aplicativo.
É o aplicativo é usado em salas de aula de mais de 180 países em todo o mundo, foi traduzido para 35 línguas e é, de longe, o aplicativo mais popular para gerenciamento de classes. Entre as funcionalidades que ao app promete entregar estão:
Segundo Muhammed Chaudhry, CEO da Silicon Valley Education Foundation Class-dojo “É o mais usado e respeitado aplicativo de gerenciamento de comportamento no mercado”
Conduzi entrevistas semiestruturadas com todos os meus alunos e colegas de trabalho na instituição de ensino que atuo. De acordo com a análise do serviço previamente realizada na etapa de observação, pude distinguir quais são as principais diferenças entre as atitudes observadas e o que os usuários externalizam em suas falas.
A maioria dos alunos tem o aprendizado de inglês como um objetivo a longo prazo com finalidades variadas como: progresso na carreira, busca por melhores vagas, oportunidades de negócio, preparação para um curso pós-graduação e realizações de tarefas profissionais do dia-a-dia.
Boa parte dos alunos, principalmente na faixa etária entre 12 a 19 anos, não tem como prioridade o aspecto profissional, são influenciados muitas vezes por seus responsáveis e em geral procuram o curso com o objetivo de se preparar para futuras viagens, progredir individualmente e melhorar suas notas na escola.
Professores tem, no geral, um objetivo em comum: querem que o aluno progrida. A progressão varia muito de pessoa para pessoa, existem alunos que aprendem novos vocabulários, estruturas e regras de gramática e conseguem praticar com muita facilidade, porém, isso não se aplica a todos. Muitos alunos levam meses para fixar conteúdos e tem extrema dificuldade em praticar o que aprendem. Contudo, o que se almeja alcançar aqui é a progressão individual.
Fixar o conteúdo e falar em inglês foram as principais dificuldades relatadas durante as entrevistas. Sob a perspectiva do aluno pode-se dizer que a principal frustração é o momento em que a palavra não vem a sua mente para formular a melhor sentença. A falta de vocabulário ou a falta de prática faz com que o aluno se sinta inseguro na hora de se comunicar com o professor.
Professores sentem-se frustrados pelo sentimento de regressão em determinadas ocasiões. Por vezes alunos esquecem o que já foi passado em sala de aula, o professor despende tempo explicando novamente e a aula torna-se cansativa.
A falta de dedicação por parte dos alunos também prejudica o trabalho do professor.
Alunos percebem sua progressão a curto prazo. Durante o período inicial do curso o aluno sente-se entusiasmado e dedica-se a aprender e levar o conteúdo para fora da sala de aula. O sentimento de “estagnação” também foi percebido durante a entrevista, alguns alunos não percebem mais sua evolução como sentiam no começo das aulas. Após um prazo maior, alunos mais avançados relatam que conseguem entender boa parte de filmes e músicas em inglês.
Professores percebem o progresso a curto e longo prazo, mas não tem como demonstrar. No começo dos encontros os alunos podem ficar apreensivos ou entusiasmados, porém o progresso existe em todos os casos. Em um recorte de 2 meses de curso, alunos com um nível de dedicação maior conseguem relembrar dos conteúdos passados e colocam em prática em sala de aula. Em um recorte maior, o nível de percepção diminui e o aluno pode sentir-se estagnado. Um professor relatou que esse pode ser um possível motivo pela desistência de alguns alunos.
10 de 15 alunos usam um caderno para anotações, no qual somente 4 organizam suas anotações e as utilizam em sala de aula. Professores relataram que a os alunos perdem tempo tendo que recapitular certos conteúdos que eles esqueceram no caderno. Professores usam material físico para registro de presença, planejamento das aulas e avaliação os alunos.
Todos os alunos e professores demonstraram intimidade com smartphones, sendo objeto de uso diário. Alguns professores utilizam notebook para operar mídia em sala de aula, porém, nenhum usa aplicativos para gerenciamento de aulas. Um professor utiliza o Evernote para organizar seus alunos e ex-alunos e planejar aulas. Alguns alunos já tiveram contato o Duolínguo, mas não deram continuidade.
Procurei simplificar ao máximo o fluxo de navegação do aluno, tornando-o, em parte, um agente passivo. Sua tarefa principal será participar da aula em andamento e registrar sua produção. Entre as subtarefas estão: buscar uma expressão solta na ala de busca, ver seu progresso, adicionar, interagir e ver perfil do professor.
O Professor terá mais controle sob as funções do app. Sua tarefa principal será iniciar uma aula, estabelecer quais disciplinas irá abordar, comentar e corrigir o aluno quando necessário. Entre as subtarefas estão: avaliar o aluno em suas competências e aspectos da língua, ver perfil da instituição de ensino (se houver) e lista de colegas (se houver).
Conduzi testes com 3 alunos e 2 professores que mais se encaixam no perfil das personas. Escolhi a sala de aula como cenário, um pouco antes do início da aula. Conduzi através de um protótipo sem a estrutura back-end .
A primeira impressão foi positiva, os usuários se depararam com sua foto na parte superior com o menu e rapidamente perceberam que se tratava de um app para sala de aula. Após alguns minutos explorando o app, consegui feedbacks positivos em relação ao visual da interface, todos esboçaram satisfação.
Todos os alunos conseguiram chegar na lista aulas em apenas um clique, após alguns segundos analisando o que cada ícone simbolizava, os alunos conseguiram entrar na aula em andamento simbolizada por (botar imagem). Há apenas 2 botões dentro do painel de controle da aula, os usuários identificaram o botão de produção e logo conseguiram entrar na ala de produção.
A estrutura visual da área de produção segue várias convenções de apps conhecidos como WhatsApp e Telegram, por isso, várias funcionalidades como a caixa de texto, botão para gravar áudio e anexar arquivos foram facilmente identificadas. A taxa de sucesso foi alta e a curva de aprendizado curta, precisei apenas orientar um aluno sob que se tratava os ícones de status na lista de aulas.
O professor possui maior controle sob as funções do app, por consequência sua interface torna-se mais complexa, os professores foram designados a iniciar uma nova aula, selecionando as matérias que iram lecionar. Este processo levou mais tempo do que o esperado, considerando que os professores precisaram de 4 cliques para chegar ao botão “nova aula” (Alunos>aluno>aulas>nova aula).
Pensando em encurtar o processo de inicialização da aula, pensei em adicionar um botão Nova aula no painel de controle inicial do professor, reduzindo o processo em apenas 2 cliques (Nova aula>aluno).
Aluno - Ver seu desempenho na ala "progresso": Taxa de sucesso: 80%.
Aluno - Buscar por uma palavra solta na ala “buscar”: Taxa de sucesso: 100%.
Aluno - Ver o perfil do professor e adicionar um novo professor: Taxa de sucesso: 100%.
Professor - Avaliar o aluno depois da aula: Taxa de sucesso: 80%.
Professor - Buscar uma palavra na aba “buscar” do aluno: Taxa de sucesso: 100%.
Professor - Adicionar um novo aluno: Taxa de sucesso: 80%.
Professor - Ver instituição de ensino que atua e colegas: Taxa de sucesso: 100%.
O projeto Log-book me fez enxergar dores que eu ainda não havia identificado no processo de aprendizado dos meus alunos. Obstáculos fizeram parte do processo, na verdade, os empecilhos foram esperados e aceitos de bom grado para o aprimoramento do produto. Tive que desapegar de algumas convenções as quais já estavam consolidadas em meu processo de design, tudo para entregar um produto que fosse de encontro com as necessidades dos usuários.
Colocar o usuário no centro do processo de criação tornou meu projeto mais consistente. Aplicar o método de Design Thinking em conjunto com meus alunos me proporcionou um sentimento de assertividade muito maior do que em outros projetos que fiz parte. Mesmo sabendo que nada garante 100% do sucesso do produto, o uso da abordagem centrada no usuário (UX) aumentam consideravelmente minhas chances de resolver o problema inicial.